
Antes de mapearmos as experiências contemporâneas que consideramos notáveis no desenvolvimento desse gênero singular - rádio arte -, gostaríamos de apresentar algumas conjecturas sobre essa nomenclatura e sua especificidade estilística, estética, formal. Afinal, o que estamos chamando de rádio arte?
Entendemos que a arte radiofônica é um tipo de experimentação que pode ser pensada dentro uma categoria mais ampla: a da arte sonora. Compreendemos que arte sonora possui a abrangência para as produções sonoras (e artísticas) que pretenderemos listar aqui: paisagens sonoras; poesia sonora, radiodrama; documentários sonoros; arquiteturas sonoras e objetos plástico sonoros.
Assim, arte sonora daria conta de criações radiofonizáveis ou não radiofonizáveis - como o caso de instalações sonoras, ou da criação de objetos plásticos sonoros. A arte sonora radiofonizável pode, por sua vez, ter sido pensada para a linguagem do rádio, ou não.
A descrição dos elementos da linguagem radiofônica, ou discurso radiofônico, pode ser encontrada em alguns autores como HAYE (2005, p.349), para quem o discurso radiofônico “é uma totalidade significante (conteúdos + formas), apoiada exclusivamente em elementos sensoriais de caráter auditivo, distribuídos em séries informacionais linguísticas, paralinguísticas e não linguísticas (...)”, já BALSEBRE (2005, p. 329) apresenta uma descrição mais comumente encontrada: “a linguagem radiofônica é o conjunto de formas sonoras e não sonoras representadas pelos sistemas expressivos da palavra, da música, dos efeitos sonoros e do silêncio”.
É, portanto, de uma arte que se utiliza dessas ferramentas - palavra, som e silêncio, que queremos tratar. Se arte sonora é o termo mais amplo, que abrigaria radio arte, podemos entender radio arte como gênero radiofônico que abriga uma série de outras experiências formais, ligadas à arte, tais como radiodrama, radiodocumentário, paisagem sonora, postal sonoro, entre outros.
